terça-feira, 10 de agosto de 2010

Carater público e privado da moral.




Caráter histórico e social da moral não se reduz a tradição, ou a herança dos valores recebidos pela tradição.
Podemos problematizar o seguinte: o caráter pessoal da moral leva em conta o sujeito agente moral, levando em consideração esse agente é preciso analisar o comportamento deste agente partindo da premissa que esse pode perfeitamente estar em conflito com a moral vigente.

         Conflito moral ou dilema moral: Dentro dessa proposta pretendemos em termos didáticos perceber a moral em seu conceito: “Conjunto de regras que determinam o comportamento de um sujeito em um grupo social” – todavia analisar esse sujeito e seus dilemas morais, os sujeitos privados podem ou não estar de acordo com a moral vigente? Sim! Podem. Mas esse conflito é sutil, a relação público privado é sutil numa sociedade civil o público quase sempre atropela o privado, mas o resquício de uma ditadura do privado paira sobre os interesses públicos, de forma que os interesses públicos nem sempre tão claros e os interesses privados menos claros ainda como deviam ser de fato, o flerte de interesses e definições perpetua-se numa dialética sem fim.
           
            Nossa proposta é clarificar esses conceitos não pretendemos nesse artigo dizer a verdade, mas apenas restringir algumas concepções morais e sua relação público, privado, portanto é uma tarefa muito difícil, por seu turno não prometemos êxito, todavia o exercício filosófico nos impulsiona a questionar assuntos difíceis como esse, por isso, não fugir ao debate mesmo correndo o risco de incidir ao ridículo nos chama atenção. Chama-me atenção precisamente a definição do caráter pessoal da moral no livro de Maria Lúcia de Arruda Aranha, pois a filósofa utiliza livremente os conceitos de Adolfo Sánchez Vásquez, mais precisamente em seu livro a Ética, onde essa tese e levada às últimas conseqüências. Todavia no âmbito moral dessa relação público privado, Aranha chama-me atenção num parágrafo e penso nesse parágrafo como valioso para minhas possíveis respostas a uma questão tão complexa ás minhas limitações intelectuais. Diz a autora “A ampliação do grau de consciência e de liberdade, é, portanto de responsabilidade pessoal no comportamento moral, introduz um elemento contraditório que irá, ao tempo todo, angustiar a pessoa: a moral, ao mesmo tempo é o conjunto de regras que determina como deve ser o comportamento dos indivíduos do grupo, é também a livre e consciente aceitação das normas, isso significa que o ato só é propriamente moral se passar pelo crivo da aceitação pessoal da norma. A exterioridade da moral contrapõe-se a necessidade da interioridade de adesão mais íntima”.
           
            Essa ambigüidade configura a imensa distância entre o público e o privado numa sociedade em que o indivíduo dotado de um histórico de uma subjetividade deve entregar-se a legalidade seja do estado ou da opinião pública, mas angustiado encontra-se em contradição, pois ao aderir moralmente a regras de conduta em prol de sua própria sobrevivência o poder do individuo de contestá-las lhe dá um poder maior que esse mesmo possa imaginar e os mecanismos sociais e individuais podem não concordar entre si. O arranhão da relação público, privado pode transpor a lei moral e as leis civis gerando desde uma corrupção estatal á própria corrupção do indivíduo muito natural em nossos dias, assim como a degeneração do sujeito enquanto detentor de uma subjetividade e sujeito de sua história. Ao agir moralmente estamos de fato assumindo uma posição em prol do bem comum ou em nome da moral estamos matando a perspectiva de um mundo melhor?
           
            “A moral, ao mesmo tempo é o conjunto de regras que determina como deve ser o comportamento dos indivíduos do grupo, é também a livre e consciente aceitação das normas, isso significa que o ato só é propriamente moral se passar pelo crivo da aceitação pessoal da norma. A exterioridade da moral contrapõe-se a necessidade da interioridade de adesão mais íntima”. Volto a questionar de forma veemente o sacrifício em prol da moral. Nessa perspectiva, implica em contrapor desejos e vontades, ainda que corretamente do ponto de vista moral. A relação público, privado, vontade e dever perante um compromisso assumido, não tem sido levado á sério no mundo contemporâneo de forma que a moral assume a ponta do iceberg no escuro do quarto ao lado o interesse privado sempre assume seu papel sombrio ou grita a liberdade em casas e internatos regados a violência, drogas e prostituição. Infelizmente.

By: Hugo Neto. Filósofo.