sábado, 29 de maio de 2010

Deleuze e o conceito

















Em seu livro “O que é a filosofia”, Deleuze deixa claro a importância do conceito, pois “o filósofo é o amigo do conceito, ele é conceito em potência”. Não que a filosofia seja uma fábrica de conceitos, mais que isso, o conceito é um ato de criação, e cada um assina “embaixo”, deixa registrado sua marca, através dos conceitos que cria.
Contemporaneamente a filosofia ganhou diversos rivais, pois outros se deram o direito de criar, inventar conceitos. Primeiro foi a sociologia, depois a indústria da propaganda, do design...
Mas... afinal, o que é um conceito?
Primeiro é preciso entender que um conceito jamais pode ser simples. Não existem conceitos simples, todos são compostos por multiplicidades. Não há tirania no reino do conceito! O um não exclui o outro, ao contrário, é preciso que haja o outro, essa multiplicidade à qual o conceito possa ser remetido, pois é apenas a multiplicidade que dá sentido à sua existência: “mesmo na filosofia, não se cria conceitos, a não ser em função dos problemas que se consideram mal vistos ou mal colocados”.
O problema do conceito para Deleuze atinge instâncias mais profundas, pois vai diretamente ao âmago da questão ontológica do “eu/outrem”, da “unidade/multiplicidade”, o que se percebe é que o “outrem” é toda a possibilidade, todo mundo possível, que se exprime e se efetua numa linguagem, “nesse sentido é um conceito com três componentes inseparáveis: mundo possível, rosto existente, linguagem real ou fala”.
Uma outra característica importante do conceito é que ele tem uma história, no entanto ele é sempre singular, um conceito jamais é o mesmo, ele é sempre um emaranhado que por vezes conserva “pedaços ou componentes vindos de outros conceitos”. O que se faz é recortar, delimitar um novo problema, de tal modo que o conceito assume cores e sons diferentes, novos contornos...
Não importa! Um conceito é sempre uma multiplicidade, não há conceito que não remeta a um outro e assim infinitamente, pois o conceito também tem um devir além de ter vindo de algum outro conceito que veio de outro e assim por diante: uma multiplicidade! Conceitos são vizinhos que não delimitaram muito bem seus terrenos, não se pode saber exatamente a linha demarcatória entre o começo de um e o término de outro, eles se mesclam: conceitos não são nazistas!
Há por certo A e B no entanto, haverá sempre um domínio AB onde A e B serão indiscerníveis, pois este pertencerá tanto a um quanto ao outro: “um conceito é uma heterogênese, isto é, uma ordenação de seus componentes por zonas de vizinhança”.
O conceito não pode ser medido, é um engodo acreditar que ele seja mensurável ou restrito às gramáticas filosóficas ou lógicas: conceitos são “pontes moventes”! Há cruzamentos e labirintos por onde ele caminha, às vezes se perde, mas nunca se isola, nunca se purifica de todo, é sempre aquele que carrega a bandeira da multiplicidade!

sexta-feira, 28 de maio de 2010

AULA ( APOSTILA DE SOCIOLOGIA) - EJA- Raulino Cotta Pacheco.

Papéis sociais e Identidade. (Apostila de sociologia) –EJA- Raulino Cotta Pacheco. A socialização é o processo através do qual as pessoas aprendem a sua cultura. Elas o fazem (1) adotando e abandonando uma série de papéis e (2) tornando-se conscientes de si próprias enquanto interagem com os outros. “Através do processo de socialização, os indivíduos aprendem sobre os papéis sociais – expectativas socialmente definidas que uma pessoa segue numa dada posição social.” Entretanto, não se deve supor “que os indivíduos simplesmente assumem papéis, mais do que os criam ou negociam. (...) eles não são simplesmente sujeitos passivos esperando para serem instruídos ou programados. Os indivíduos passam a entender e a assumir papéis sociais por meio de um processo progressivo de interação social.” “O fato de que, do nascimento até a morte, estejamos em interação com outros certamente condiciona nossas personalidades, os valores que sustentamos e o comportamento em que nos engajamos. Além disso, a socialização está também na origem de nossa própria individualidade e liberdade. No decorrer da socialização, cada um de nós desenvolve um sentido de identidade e a capacidade para o pensamento e a ação independentes. (...) De um modo geral, a identidade se relaciona ao conjunto de compreensões que as pessoas mantêm sobre quem elas são e sobre o que é significativo para elas. (...) Algumas das principais fontes de identidade incluem gênero, orientação sexual, nacionalidade ou etnicidade e classe social. (...) Dois tipos de identidade são em geral mencionados pelos sociólogos: a identidade social e a auto-identidade (ou identidade pessoal). Essas formas de identidade (...) são intimamente relacionadas entre si. A identidade social refere-se às características que são atribuídas a um indivíduo pelos outros. (o católico, o sem-teto, a mãe, o asiático, o casado...). Muitos indivíduos têm identidades sociais que compreendem mais do que um atributo.” (por exemplo, uma mãe, engenheira, muçulmana e vereadora) “Se as identidades sociais marcam as formas pelas quais os indivíduos são “o mesmo” que os outros, a auto-identidade (ou identidade pessoal) nos separa como indivíduos distintos. A auto-identidade se refere ao processo de autodesenvolvimento através do qual formulamos um sentido único de nós mesmos e de nossa relação com o mundo à nossa volta. (...) É a negociação constante do indivíduo com o mundo exterior que ajuda a criar e a moldar seu sentido de si mesmo.”. “ Os processos de crescimento urbano, de industrialização e o colapso de formações sociais antigas enfraqueceram o impacto de regras e de convenções herdadas. Os indivíduos se tornaram social e geograficamente móveis. Isso libertou as pessoas das comunidades relativamente homogêneas e estreitamente interligadas do passado, nas quais os padrões eram transmitidos de um modo fixo de geração a geração.” “No mundo atual, temos oportunidades sem precedentes de moldar a nós mesmos e de criar nossas próprias identidades. (...) Por meio de nossa capacidade como seres humanos autoconscientes, constantemente criamos e recriamos nossas identidades.” 1- Diretamente ou indiretamente estamos ligados aos meios de comunicação, internet, telejornais revistas impressas, nessa perspectiva podemos dizer-nos imparciais e absolutamente desvinculados desses meios de operação em massa. 2- Com relação à identidade estamos diante de uma era de reality show, como por exemplo: Big Brother entre outros, são identidades diferentes escolhidas a dedo para um teste de paciência e convivência 24hs ao vivo, nessa perspectiva reflita sobre isso e se posicione. 3- Como lidar com as exigências do mercado globalizado diante das múltiplas identidades sociais? (pense nisso, provavelmente as duas primeiras respostas já responderam essa).

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Educação não é mercadoria?

Educação não é mercadoria? Para valer-me do atual contexto faço uma interrogação ao invés de uma afirmação, diante da morte das ideologias de o niilismo acadêmico na atualidade, podemos levantar a hipótese de que a educação vista como um sistema ou um conglomerado institucional vive um período nevrálgico, não por si mesma, mas pelo próprio contexto sócio-cultural embora esse não seja determinante, já é consenso entre especialistas que numa sociedade que prioriza debater e agir pela educação tem mais chances de tornar-se melhor. Quanto à “democratização” da educação e a problemática dos processos formativos, a questão a ser investigada é a qualidade. Nesse aspecto temos um dualismo na esfera público privado no que diz respeito à institucionalização educacional, e uma inversão do projeto público no ensino superior. Uma vez que a educação básica é freqüentada na esfera privada por uma demanda que ocupará as universidades públicas e a educação pública é freqüentada por parte da sociedade que não chega sequer ao ensino superior, sendo que com raras exceções àqueles que chegam fazem-no por via privada. Portanto voltamos à questão educação não é mercadoria? Até que ponto os interesses públicos e privados coadunam realmente para uma política educacional decente? Poderíamos evocar a LDB para questionar esses espectros de uma política educacional até então confusa: “O acesso ao ensino é um direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão ou grupo de cidadãos, associações comunitárias, organização sindical, entidade de classe e, ainda, o ministério público exigir para exigi-lo. (Artigo 5º - LDB. Lei de diretrizes e bases da educação).” Portanto concluímos com uma interrogação, pois no contexto atual, a necessidade de transformar o objeto em mercadoria pode cegar o objetivo principal da educação enquanto ação transformadora, principalmente em seu contexto abrangente, não entendemos aqui educação entre quatro paredes, mas um processo mais complexo, esse processo demanda uma reflexão maior, inoportuna nesse momento, mas é de interesse do acadêmico abranger tal assunto num projeto de pesquisa e poder debater com diversas fontes, pois, é muito complexo julgar a questão, a despeito de alguns movimentos sociais, sem uma prévia análise, por receio de cairmos no abismo ideológico tanto quanto no lobismo educacional, tão repugnante. REFEÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:DOS SANTOS, Clóvis Roberto,educação escolar brasileira:Guazzelli;ltda,1999.

Guilherme de Ockham. (1220-1394).


Guilherme de Ockham. (1220-1394). A)Análise dos conceitos de universal e nominalismo: Ockham ao primar pela experiência e reconhecer na experiência, o que tardiamente seria chamado de empirismo, um movimento crescente na Inglaterra, entre os séculos XVI; XVII e XVIII. Sabemos que o empirismo é herdeiro de Roger Bacon, um medieval (1214-1292) considerado o precursor de um novo método gnosiológico, o método empirista. Partindo desse ponto podemos observar parte do universo em que se encontra Guilherme de Ockham, considerado o último medieval assim como, talvez, o primeiro moderno, mas especulações a parte, a grande crítica de Ockham aos universais, famosos universais medievais, que descendiam da filosofia grega, do supra-sensível platônico ao motor primeiro aristotélico, Ockham mesmo afirma: “Os universais são simples formas verbais através da qual a mente humana estabelece uma série de relações de exclusiva dimensão lógica” REALE; ANTISERI. P.620. Portanto a realidade individual no campo de análise permite a Ockham discordar dos universais, por não levarem em conta o conhecimento incomplexo dos termos singulares, inexistentes numa realidade universal puramente lingüística, para o filósofo. B) Explicar a navalha de Ockham: “não se multiplicam entes se não for necessário”. A navalha de Ockham se tornou uma crítica a toda tradição metafísica anterior, trazendo conseqüências políticas inclusive. As voltas com seu método, cuja análise está no sujeito do conhecimento, ou seja, indivíduo, por sua concepção de fé ser totalmente oposta à razão, algo inovador em tempos de escolástica; a navalha de Ockham não vai poupar o tomismo, os universais, o ser analógico (do próprio tomas de Aquino), todas essas multiplicações de entes para Ockham não se referem a nada de novo, aliás, até mesmo a noção aristotélica de (Sinolo) – Matéria e forma, assim como a física Aristotélica, com suas causas, ato e potência, para o filósofo são questões ociosas. C) O que se entende por nova lógica em Ockham? Ockham embasado por sua navalha, crítica a lógica Aristotélica e toda a lógica medieval herdeira do silogismo puramente lingüístico e sem compromisso com a realidade; uma vez que o método implicado por Ockham prima pelo indivíduo, ou seja, pela experiência em detrimento dos universais multiplicáveis ao infinito. A respeito das proposições, primeiro: proposições mentais, segundo: a proposição se apresenta no termo oral, por fim o termo escrito, só a primeira é autêntica para Ockham.As outras duas são convencionais pois mudam de língua para língua.Ockam ainda se preocupa em determinar os termos de analise do silogismo, propondo os termos categorimáticos : termos de significado preciso,singularmente e universalmente, exemplo: Homem. E sincategorimáticos: em si mesmos não significam nada, mas somados a outros termos significam alguma coisa, exemplo: cada, nenhum, algum, tudo, exceto... categorias lingüísticas que delimitam ou somam a algum conceito. REALE; ANTISERI P.622. D) Quais os problemas da existência de Deus em Ockham? A grande problemática que perpassa novamente pela navalha ostentada pelo filósofo é a problemática entre fé e razão, ao contrário da escolástica, Ockham se afasta um pouco dos ditames da fé sobre a razão ou da fé que leva a razão, por motivos diversos, mas, sobretudo porque segundo o filósofo a verdade relevada é necessária e superior ao mundo e a multiplicidade de indivíduos, por Deus ter criado o mundo por pura liberdade, o mundo é contingente, e toda e qualquer tentativa eqüitativa entre razão e fé é uma tentativa, segundo o filósofo, de igualar o contingente ao necessário, o que seria uma falácia. “No contexto das exigências lógicas deve-se dizer que Ockham exclui toda intuição de Deus. Nada pode ser conhecido em si pela via natural se não for conhecido intuitivamente; mas Deus não pode ser conhecido intuitivamente por uma via puramente natural.” REALE; ANTISERI. P.625 E) Novo método científico: “Além da multiplicidade dos indivíduos, não é necessário admitir mais nada. Se isso é verdadeiro, o fundamento do conhecimento não pode ser outro senão experimental”. REALE; ANTISERI. P.628. Partindo da concepção de que a razão se encontra no nível de pesquisa e que a fé é revelada, e uma não tem expressão sobre a outra, Ockham deixa o caminho livre para empreender um novo método de pesquisa, que revisa toda a metafísica tradicional cuja “causa” o princípio (o motor primeiro) já não importa tanto; mas, sim, a análise empírica do objeto de estudo. A partir desse ponto de vista deixa-se de procurar pela substância primeira e seus efeitos, para compreender os fenomenos e suas funções.

STO. AGOSTINHO.


Conceitos/ Filosofia Cristã e síntese entre alguns conceitos da filosofia de STO. Agostinho.
Ao analisar os conceitos propostos, pretendemos elaborar uma interpretação que dê conta de inferir ao máximo a síntese e reinterpretarão do pensamento grego pelo pensamento cristão.
Alguns conceitos, assim como alguns pontos, mantidos e reorganizados, cujo pensador fundamental, autenticamente como filósofo e protagonista desta operação, temos, Santo Agostinho.
Conceito de monoteísmo.
O conceito de monoteísmo remonta o culto a um só Deus. Interessante é o fato de que os gregos concebiam o uno (ontologicamente o ser). Mas o pensamento Cristão irrompe um deslocamento na cosmovisão ocidental. O que para os gregos, o uno, consistia na substância, essência que contemplava o múltiplo em sua constituição. A partir da mensagem Bíblica desloca-se a concepção do bem como fundamento contemplativo do conhecimento, passa-se a atribuir todas as coisas, inclusive o conhecimento, a um Deus (único Deus). Em oposição ao politeísmo reinante na era pagã.
Criacionismo.
Tal conceito remonta a “origem”, no pensamento grego à busca pela origem primeiramente é atribuída ao cosmos. A partir de Parmênides, somos remetidos à busca por um ser primeiro, imutável, causa necessária de toda origem e existência. Antes da mensagem Bíblica, a origem pressupunha uma causa. Com o advento do Cristianismo, a origem se dá na criação a partir do nada. Deus cria o homem a sua imagem e semelhança do nada. “Com essa concepção de criação a partir do nada, era cortada pela base a maior parte das apórias que desde Parmênides, havia infligido à ontologia grega”.
Eros grego, amor (ágape) cristão.
O amor cristão emana de Deus, como dom gratuito e infinito. Enquanto o amor grego (Eros) – Flerta com o conhecimento, numa interpretação Socrático-platônica. “Mas Eros não é Deus, porque é desejo de perfeição, tensão mediadora que torna possível a elevação do sensível ao supra-sensível, força que tende a conquistar a dimensão do divino. Enquanto o amor grego é a conquista por um esforço de razão. O amor cristão é um dom gratuito. Há um deslocamento importantíssimo, ágape – dom gratuito, a descida do homem em busca do encontro com Deus, algo casual. Enquanto o Eros grego demanda um esforço do intelecto para chegar à contemplação. (O bem). A característica popular do amor cristão (ágape), pela sua gratuidade, exige consigo a graça e a caridade, gerando uma revolução de valores que prima pelo cuidado e o amor ao próximo.
Gnose
Entende-se por gnose, literalmente, conhecimento. Na concepção cristã, o conhecimento revelado diretamente por Deus. “A Gnose indica uma nova maneira de conhecer Deus, um conhecimento não mais fundado na razão, mas sim, uma espécie de iluminação direta. Apesar de ser vertente de outras doutrinas, a gnose tem por objetivo último, o conhecimento de Deus. Em seu cume, a gnose partia para um conhecimento refletido de Deus que resvala na condição humana. Justifica-se o fato de que algumas doutrinas heréticas foram matérias prima para elaboração da gnose no pensamento cristão, sobretudo a angústia, e o sofrimento, a falta, temas relevante a uma vida dedicada a busca do conhecimento de Deus e, também, do auto-conhecimento.
O Filosofar na fé. (Santo Agostinho).
Santo Agostinho assimila fé e razão como constituintes de um mesmo propósito, um propósito, aliás, que consiste a filosofia, embasar racionalmente a sustentação da autoridade divina (Deus). Nessa perspectiva é preciso mudar a forma de pensar para mudar a forma de viver. Por isso, para Agostinho, o ser humano precisa filosofar na fé. Fé e razão não se contradizem, mas são complementares.
Todos sabem que nos somos estimulados para o conhecimento pelo duplo peso da autoridade e da razão. Assim, eu considero como definitivamente certo de que não devo me afastar da autoridade de cristo, por que não encontro outra mais válida. De resto, no que se refere aquilo que se deve alcançar com o pensamento filosófico, tenho a confiança de encontrar nos platônicos temas que não repugnem a palavra sagrada. Desejo aprender sem demora as razões do verdadeiro, não só com a fé, mas também com a inteligência.
No texto acima, fica clara a importância da filosofia na compreensão e esclarecimento de Deus e da vida, em Santo Agostinho.
A descoberta da “pessoa”.
A metafísica da interioridade.
Santo Agostinho arrola a descoberta do Homem na relação interior com o sagrado, desde os gregos, principalmente Platão, a matéria é uma prisão. A diferença é que em Agostinho o homem se liberta da prisão pela interioridade na busca de uma relação direta com Deus, enquanto, para Platão, se chegava ao bem, ao supra-sensível através das idéias, através do fora, uma busca incorpórea. O conceito de alma lhe é caro, e o corpo como abrigo da alma tem um valor e é a partir dessa valorização do corpo como interioridade a ser buscada numa relação dialética na qual se dá à metafísica da interioridade.
Verdade e iluminação
Com relação à verdade e a iluminação é importante destacar os conceitos de interioridade e criacionismo, já destacados acima. Agostinho trabalha a questão do conhecimento através da interioridade e a capacidade de inferência produzida pelo intelecto. “Assim, o intelecto humano encontra a verdade como objeto superior a ele, com ela julga, mas por ela é julgado”.
Essa verdade que o intelecto alcança são as idéias. Nesse aspecto Agostinho se apropria do pensamento platônico, porém, vai utilizá-lo num nível hierárquico inferior. Agostinho não poderia afirmar que idéias imutáveis precedessem todo conhecimento, pois além de repetir Platão, negaria o Deus criador. “Sobre o primeiro ponto, devemos destacar que Agostinho transforma a doutrina da reminiscência na célebre doutrina da Iluminação. E essa transformação se impunha no contexto geral do criacionismo.” O intelecto alcança a verdade por ter acesso as idéias, que por sua vez são iluminadas pelo criador no processo de conhecimento cuja verdade é iluminada pela própria verdade (O criador).
Deus
No processo de interiorização, fixação do externo e conceituação pela interioridade do espírito, após a verdade do espírito, responsável pelo conhecimento verdadeiro, conhecimento de Deus. Por isso, e somente por isso, em Agostinho, a racionalidade ou filosofar na fé permite uma síntese entre fé e razão. Portanto Deus é criador. Razão e verdade, em Agostinho. (Trindade).
Trindade
Para Agostinho a unidade das três pessoas é perfeita: não se podem separar, nem uma se subordina à outra, mas a natureza divina seria anterior ao aparecimento das três pessoas; estas se apresentam como os três modos de se revelar o mistério de Deus. A alma, para santo Agostinho, se confunde com o pensamento, e sua expressão, sua manifestação é o conhecimento. Assim, o homem recompõe nele próprio o mistério da Trindade e se vê feito à imagem e semelhança de Deus: se ele ama e se conhece dessa maneira, ele conhece e ama a Deus.

 (P.379 (REALE Giovanni/ ANTISERI Dario). P.389 (REALE Giovanni/ ANTISERI Dario). P.406 (REALE Giovanni/ ANTISERI Dario).
 P.436 (REALE Giovanni/ ANTISERI Dario). P.442 (REALE Giovanni/ ANTISERI Dario). P.442 (REALE Giovanni/ ANTISERI Dario).

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Filosofia, Ciência e Senso-Comum.

Filosofia, Ciência e Senso-Comum. (Tópicos de Aula).

Filosofia da Ciência é o campo da pesquisa filosófica que estuda os fundamentos, pressupostos e implicações filosóficas da ciência, incluindo as ciências naturais como física e biologia, e as ciências sociais, como psicologia e economia. Neste sentido, a filosofia da ciência está intimamente relacionada à epistemologia e à ontologia. Busca explicar coisas como:

. A natureza das afirmações e conceitos científicos,

. A forma como são produzidos,

. Como a ciência explica, prediz e, através da tecnologia, domina a natureza,

. Os meios para determinar a validade da informação,

. A formulação e uso do método científico,

. Os tipos de argumentos usados para chegar a conclusões,

. As implicações dos métodos e modelos científicos para a sociedade e para as próprias ciências.

SENSO COMUM, CIÊNCIA E FILOSOFIA.

Quando falamos de senso comum, ciência e filosofia estão falando de vias de acesso para se conhecer o mundo e os seres que nele habitam.

O conhecimento é um caminho de busca

O primeiro tipo de conhecimento foi o mito. A ciência começou como filosofia.

SENSO COMUM ou CONHECIMENTO INGÊNUO.

O conhecimento ingênuo se caracteriza por ser espontâneo, vulgar, senso comum, bom senso, condensado muitas vezes nos ditos populares, nas crenças e crendices que povoam o imaginário do homem quotidiano. (sabedoria popular).

O bom senso ou senso comum é simplesmente o depósito intelectual resultante de experiências fecundas da espécie, do grupo social e do indivíduo.

O senso comum é um saber não-sistematizado, sem planejamento rigoroso, mas com a finalidade indispensável para sua sobrevivência.

O conhecimento ingênuo é ditado pelas circunstâncias, opiniões, emoções e valores de quem produzem.

O bom senso é o ponto de partida para o conhecimento científico.

O senso comum consiste em uma série de crenças tidas por um determinado grupo social, cujos membros acreditam serem compartilhadas por todos os homens.

O que caracteriza basicamente as noções pertencentes ao senso comum não é a sua verdade ou falsidade. É a falsidade de fundamentação sistemática. Isto é, as pessoas não sabem o porquê dessas noções. Trata-se, portanto, de um conhecimento adquirido sem uma base crítica, precisa, coerente e sistemática.

No senso comum, ou seja, no entendimento médio, comum, próprio à maioria das pessoas, os modos de consciência se encontram geralmente emaranhados de tal forma que suas noções se caracterizam por uma aglutinação a - crítica. (Sem crítica).

A - crítica quer dizer que falta o reconhecimento exato da origem dos elementos que compõem essas noções ou conhecimentos.

Em virtude da ausência da razão crítica, o senso comum se torna terreno favorável ao desenvolvimento do fenômeno da ideologia.

Podemos dizer que ideologia não seria apenas um conjunto de idéias que elaboram uma compreensão da realidade, mas um conjunto de idéias que dissimulam essa realidade, porque mostram as coisas de forma apenas parcial ou distorcida em relação ao que realmente são.

FILOSOFIA ou CONHECIMENTO FILOSÓFICO

A filosofia exige rigor de pensamento. A filosofia foi a primeira ciência a existir.

A filosofia não busca soluções nem tem finalidade à apresentação de respostas.

A filosofia se caracteriza por um constante indagar questionar, perguntar, cujas respostas se tornam objeto de novas indagações e questionamentos.

A filosofia é uma busca incessante do sentido último das coisas, um saber universal acerca de questões fundamentais. Têm como finalidade compreender o significado da existência humana em seus diferentes aspectos, bem como as relações entre o homem, Deus e o mundo.

A filosofia é uma postura de indagação e reflexão, para descobrir e compreender a natureza das coisas, a natureza divina e a natureza humana.

O conhecimento filosófico tem como característica ver a totalidade do conhecimento racional desenvolvido pelo homem. Abrangia, portanto, os mais diversos tipos de conhecimento, que hoje entendemos como pertencentes à matemática, astronomia, física, biologia, lógica, ética e etc.

A CIÊNCIA e o CONHECIMENTO CIENTÍFICO

A ciência surgiu com a intenção de entender e explicar racional e objetivamente o mundo para nele intervir.

A ciência moderna surgiu com Galileu e Descartes no século XVII.

A ciência visa o controle prático da natureza. É um conhecimento sistemático e seguro de um conjunto de fenômenos que ocorrem de maneira regular e uniforme.

O cientista constrói leis e teorias gerais.

O cientista levanta um problema, segue algumas hipóteses. Observa fenômenos semelhantes, classifica-os segundo suas características comuns. Procura verificar a ocorrência de regularidades entre eles. As regularidades, constatadas, são generalizadas e aplicadas a fenômenos semelhantes.

As hipóteses confirmadas transformam-se em leis que depois se tornam teorias científicas.

As teorias científicas são leis agrupadas em sistemas explicativos.

O conhecimento científico se utiliza do método científico. Utiliza-se de procedimentos e meios para obter um fim determinado.

O método científico é um conjunto de normas-padrão que pautam uma pesquisa para que ela seja bem sucedida e seus resultados obtenham a adesão racional da comunidade científica.

Método Científico

1º - Levanta-se o Problema;

2º - Formulam-se Hipóteses, na busca das causalidades do problema. Procura-se a solução do problema, tentado entender a causa, o porquê de um determinado fenômeno.

3º - Verificam-se as Hipóteses, buscando regularidades e confirmações, conforme a teoria levantada;

4º - A partir do que foram constatadas, as hipóteses transformam-se em Evidências. Em seguida as evidências se tornam leis.

A ciência trabalha com o princípio da causalidade. Sempre está em busca das causas e os efeitos produzidos por estas.

Caminhos da Ciência

A origem do saber científico se confunde com as origens da própria filosofia. No entanto, a ciência contemporânea mudou intensamente.

A partir de Galileu, a ciência passou a se guiar por um procedimento mais específico e experimental e, sobretudo, quantitativo. A pergunta pelo Ser, que era presente na filosofia antiga é substituída por uma “matematização” da realidade que vê todas as coisas a partir de equações, teoremas e fórmulas.

A ciência moderna fez uma ruptura com o aspecto contemplativo que predominava na ciência antiga. A ciência moderna é fundamentalmente operativa, isto é, tem interesse no conhecimento para poder operar, intervir na natureza e dominá-la.