quinta-feira, 25 de abril de 2013

Teoria Crítica - estudos importantes: "Dialética do Esclarecimento" e indústria cultural.



Teoria Crítica - estudos importantes: "Dialética do Esclarecimento" e indústria cultural.

Renato Cancian, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Um estudo importante - e talvez o mais representativo da vertente teórica da Escola de Frankfurt - é o que foi elaborado por Adorno e Horkhiemer em 1947, intitulado Dialética do Iluminismo, também publicado com o título de Dialética do Esclarecimento.

Nesse livro os autores denunciam as estruturas ideológicas da dominação política (referindo-se à crise da democracia e à ascensão dos regimes totalitários na Europa), a corrida armamentista, o desenvolvimento da indústria bélica, além dos conflitos armados e das injustiças sociais gerados pelo desenvolvimento do modo de produção capitalista (ou seja, pelo capitalismo industrial). Todos esses problemas são interpretados como resultado da "crise da razão" e do Iluminismo.

Conforme registram os autores, o Iluminismo inaugurou a modernidade, ao colocar a razão e a ciência como elementos potencializadores do desenvolvimento e progresso social; e, por conseguinte, da emancipação humana.

Theodor Adorno e Max Horkheimer, como de resto todos os intelectuais frankfurtianos, não renegam o projeto da modernidade - cujo núcleo é formado pela racionalidade ou reflexividade e a crença nos princípios do progresso científico -, mas argumentam que tanto a racionalidade como a ciência se transformaram em instrumentos de dominação política, social e econômica.

A crítica da "razão instrumental" é justamente a crítica dirigida contra os obstáculos e os impedimentos à concretização do projeto emancipador do homem, preconizados séculos atrás pelos ideólogos e filósofos iluministas.

Além disso, notam os autores que, no mundo moderno, o avanço da ciência e da técnica é um processo inexorável, ou seja, permanente. O progresso científico representou o domínio do homem sobre a natureza, mas se desvirtuou por completo ao ser utilizado para ampliar a dominação do homem sobre o próprio homem.

A indústria cultural
Theodor Adorno também é autor de importante estudo sobre a chamada "indústria cultural", conceito inovador que foi contraposto ao de "cultura de massa".

O conceito de indústria cultural foi elaborado por Adorno a partir da análise crítica da obra de Walter Benjamin. Partindo da utilização da "técnica" (ciência e tecnologia) na produção e reprodução das artes, em particular aquelas associadas à comunicação social (cinema, rádio, televisão, imprensa e outras mídias), Adorno demonstrou que na sociedade industrial capitalista a produção da arte é explorada como um "bem cultural".

A mercantilização da cultura, transformada em um empreendimento empresarial, tolhe a consciência dos indivíduos e os transforma em meros consumidores de bens culturais. As consequências são muitas, entre elas a homogeneização ou massificação dos gostos a partir da imposição de um estilo de consumo.

Nesse aspecto, não existe cultura de massa, pois é a indústria cultural que determina e impõe à sociedade o consumo de bens culturais. Como um empreendimento capitalista que persegue o lucro, a indústria cultural também cria necessidades de consumo de bens culturais. Assim, o suposto potencial revolucionário ou emancipador de algumas artes, como o cinema, por exemplo, conforme apontam as teses de Benjamin, é flagrantemente criticado no estudo pioneiro de Adorno.

A crítica da indústria cultural, principalmente dos chamados meios de comunicação de massa, se aprofundou nos estudos de Jürgen Habermas, cientista social alemão que integrou a segunda geração de intelectuais filiados à Escola de Frankfurt.

Movimentos sociais de esquerda
A reflexão e análise crítica envolvendo os mais variados aspectos da realidade social do século 20 - economia, política, sociedade e cultura, sobretudo os relacionados com a sociedade industrial capitalista -, aliada ao engajamento político-intelectual e ao protesto humanístico, são todas características marcantes da Teoria Crítica.

Sem dúvida, a Teoria Crítica exerceu grande influência nos movimentos sociais de esquerda e nos movimentos estudantis da Europa Ocidental e dos Estados Unidos no final da década de 1960.

Renato Cancian, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação é cientista social, mestre em sociologia-política e doutor em ciências sociais. É autor do livro "Comissão Justiça e Paz de São Paulo: gênese e atuação política - 1972-1985".

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O Cego.

   Imagine um cego de nascença (...) tente imaginar todas as dificuldades desse sujeito, no processo de adaptação e convivência com o mundo e com os outros. Vejamos por partes: esse indivíduo aprendeu a ver pelo tato, audição, entre outras formas de linguagem, como a fala,
para familiarizar-se; entender e ser entendido por outros em um mundo que não é só seu bairro; sua casa; sua familia, mas no desafio de afirmar-se como ser no mundo. 

  Não raro, depois de fazer essa exposição vamos ao problema, se é que exsiste problema na cegueira a que me refiro. Aos trinta anos de idade o cego não viu nada com seus olhos, embora tenha visto muito sob o aspecto de sua condição humana, adaptou-se, aprendeu a lidar com  dificuldades, foi alfabetizado,estudou  surpreendeu a si mesmo, inteirou-se com o exterior se casou e vive como um homem digno. 

De repente uma nóticia pode mudar sua vida, uma nova tecnologia traz o impossível aos seus olhos; a luz, uma simples cirurgia pode tirá-lo da total escuridão dar-lhe a oportunidade de enxergar aquilo que nunca viu pelo menos sob a ótica do ver através dos olhos. 

    Muita indecisão, mas esse sujeito corajoso, toma uma atitude e resolve ver - Na decisão estupefata diante do novo, faz a cirurgia, logo começa a ver a luz outrora sempre  lhe foi negada por sua condição natural , as luzes da natureza o deixa maravilhado - Lindo! exclama ao céus. O cego não é mais cego e o problema não é mais um problema, mas será que é esse o problema? De repente, em duas esquinas, o vapor das máquinas e  a poluição das industrias junto a rapidez dos carros e a impaciência dos pedestres e motoristas  somado ao ódio na expressão dos rostos cansados,tudo isso lhe tonteia em um frenezi de convulsões e pensamentos; gente suja jogada ao chão, no jornal da esquina a foto estampada da guerra em algum local do planeta, ele já sabia de tudo, era inteirado mas não tinha visto tudo.

     A luz do mundo até então tão sonhada era um incômodo sombrio e só fazia trazer mais dor, agora sente muito por tudo, lutou a vida inteira para entender o mundo em seu modo de ver, num piscar de olhos literalmente; pode olhar para sua própria desgraça, ou melhor, a desgraça da humanidade na qual sempre fez parte. Relfetindo sobre sua atual condição lembra da última frase do médico quando retirou as ataduras e o curativo de seus olhos - "Agora tu és nornal para viver plenamente ". O cego muito triste vaza os olhos e volta a sua antiga condição, volta a ser cego. Nesse caso específicamente a cegueira não é o problema o problema é o ato de ver como os outros. 


Hugo Neto. By: Filósofo.





quarta-feira, 8 de setembro de 2010

ATITUDE PUNK E FILOSOFIA


















Não poderia ficar de fora da nova onda de associar ícones e coisas até mesmo absurdas com alguns preceitos filosóficos, portanto filósofos de plantão; essa leitura não é para vocês, pois, espero que estejam mesmo além dessa leitura simplória, caso não estejam é perigoso.

O movimento Punk influenciado, sobretudo pela chamada contracultura dos anos 50 e 60 estendendo-se aos anos 70 com grande impacto na música principalmente, tinha como parâmetro dizer – dane-se! Faça você mesmo.Como oposição as guerras sobretudo á guerra do  Viêtina, após duas grandes guerras mundiais e um colonialismo caduco no continente Africano sustentado pelos países Europeus mesmo depois de duas grandes guerras mundiais, toda uma geração foi atingida por essa agressividade descontrolada não muito diferente do consumismo , ou melhor, do vampirismo desenfreado de nossos tempos. Mas há uma saída, assim como sempre houve espaço para saídas triunfais na  história da civilização.Por isso entro nessa onda de associar atitude punk e filosofia, poderia associar outra coisa mas me chama atenção o movimento Punk por um motivo, a simplicidade por não saber ; e em três acordes resolver jogar pra fora toda angústia guardada de uma geração, ou melhor dizendo, de uma geração de gerações que já vinham denunciando desde o século XIX  a controversa da bárbárie moderna em nosso estilo de vida em que o lema primordial seria - "se queres paz prepare-se pra guerra" - tudo isso era eminente a todo e qualquer momento, e houve um período que uma suposta parte da juventude não se calou , em alguns lugares do mundo foi calada á força, mas pro azar de muitos não resolveu. - Chega  de melação e vamos ao que interessa. Muitos teimam em dizer que o punk rock veio para destruir a concepção de que é necessário ser músico para fazer música, bom se o objetivo é elevar a criatividade ao máximo e implicitamente elencar conteúdos como – vá e diga! – Não é necessário ser erudito para tocar na veia do problema, esse resultado deu certo do ponto de vista de um movimento artístico. No tocante a filosofia para fazer um paralelo somente, o que poderíamos dizer de uma filosofia punk - se esse fosse o caso?

Ainda há um misticismo por detrás da filosofia, muitos dizem que filosofia é para doutos, concordo plenamente, pensar dentro dos rigores filosóficos não é fácil. Todavia nem todos os interessados por filosofia querem ser filósofos. O movimento punk culturalmente surgiu para romper os limites da organização progressiva de um estilo de música e estética intelectualizada. Depois do movimento Punk é impossível pensar musica e arte sem levar em conta a espontaneidade desse estilo alvoroçado e ao mesmo tempo carente de erudição. Bom, não pretendo me estender, o que isso tem com filosofia? Não é necessário ser filósofo para ler uma obra filosófica, evidentemente alguns pensadores somente alguém com formação filosófica poderiam ler e entender, mas não todo o corpo da filosofia e alguns conceitos filósoficos, isso  não! -estão aí no mundo.Filosofia também é atitude, imaginação - Faça você mesmo, os cernes dos temas filosóficos sempre estiveram ligados à vida ao mundo a imaginação e criatividade a linguagem. São questões humanas tratadas por humanos, vivenciadas por nós, no dia á dia. Deveras é preciso lembrar que não pretendo vulgarizar o discurso filosófico, o vulgar não é o trivial, nem sempre. Confunde-se o vulgar com o trivial e na tentativa de ser didático acaba-se sendo mais vulgar, não é essa minha intenção, mas deixo a revelia dos algozes da razão esse julgamento.

Aproveito essa onda de relacionar filosofia com filmes, bandas e até mesmo seriados e faço minha apologética não menos ensandecida sobre um tema trivial de lanbuja convido á todos os estudantes do ensino médio a terem uma atitude punk e filosofarem.
- vamos, faça você mesmo. Talvez isso e somente isso, seria o que se poderia dizer de uma filosofia Punk ou de uma Punk filosofia.

Hugo Neto. by: Filósofo.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Carater público e privado da moral.




Caráter histórico e social da moral não se reduz a tradição, ou a herança dos valores recebidos pela tradição.
Podemos problematizar o seguinte: o caráter pessoal da moral leva em conta o sujeito agente moral, levando em consideração esse agente é preciso analisar o comportamento deste agente partindo da premissa que esse pode perfeitamente estar em conflito com a moral vigente.

         Conflito moral ou dilema moral: Dentro dessa proposta pretendemos em termos didáticos perceber a moral em seu conceito: “Conjunto de regras que determinam o comportamento de um sujeito em um grupo social” – todavia analisar esse sujeito e seus dilemas morais, os sujeitos privados podem ou não estar de acordo com a moral vigente? Sim! Podem. Mas esse conflito é sutil, a relação público privado é sutil numa sociedade civil o público quase sempre atropela o privado, mas o resquício de uma ditadura do privado paira sobre os interesses públicos, de forma que os interesses públicos nem sempre tão claros e os interesses privados menos claros ainda como deviam ser de fato, o flerte de interesses e definições perpetua-se numa dialética sem fim.
           
            Nossa proposta é clarificar esses conceitos não pretendemos nesse artigo dizer a verdade, mas apenas restringir algumas concepções morais e sua relação público, privado, portanto é uma tarefa muito difícil, por seu turno não prometemos êxito, todavia o exercício filosófico nos impulsiona a questionar assuntos difíceis como esse, por isso, não fugir ao debate mesmo correndo o risco de incidir ao ridículo nos chama atenção. Chama-me atenção precisamente a definição do caráter pessoal da moral no livro de Maria Lúcia de Arruda Aranha, pois a filósofa utiliza livremente os conceitos de Adolfo Sánchez Vásquez, mais precisamente em seu livro a Ética, onde essa tese e levada às últimas conseqüências. Todavia no âmbito moral dessa relação público privado, Aranha chama-me atenção num parágrafo e penso nesse parágrafo como valioso para minhas possíveis respostas a uma questão tão complexa ás minhas limitações intelectuais. Diz a autora “A ampliação do grau de consciência e de liberdade, é, portanto de responsabilidade pessoal no comportamento moral, introduz um elemento contraditório que irá, ao tempo todo, angustiar a pessoa: a moral, ao mesmo tempo é o conjunto de regras que determina como deve ser o comportamento dos indivíduos do grupo, é também a livre e consciente aceitação das normas, isso significa que o ato só é propriamente moral se passar pelo crivo da aceitação pessoal da norma. A exterioridade da moral contrapõe-se a necessidade da interioridade de adesão mais íntima”.
           
            Essa ambigüidade configura a imensa distância entre o público e o privado numa sociedade em que o indivíduo dotado de um histórico de uma subjetividade deve entregar-se a legalidade seja do estado ou da opinião pública, mas angustiado encontra-se em contradição, pois ao aderir moralmente a regras de conduta em prol de sua própria sobrevivência o poder do individuo de contestá-las lhe dá um poder maior que esse mesmo possa imaginar e os mecanismos sociais e individuais podem não concordar entre si. O arranhão da relação público, privado pode transpor a lei moral e as leis civis gerando desde uma corrupção estatal á própria corrupção do indivíduo muito natural em nossos dias, assim como a degeneração do sujeito enquanto detentor de uma subjetividade e sujeito de sua história. Ao agir moralmente estamos de fato assumindo uma posição em prol do bem comum ou em nome da moral estamos matando a perspectiva de um mundo melhor?
           
            “A moral, ao mesmo tempo é o conjunto de regras que determina como deve ser o comportamento dos indivíduos do grupo, é também a livre e consciente aceitação das normas, isso significa que o ato só é propriamente moral se passar pelo crivo da aceitação pessoal da norma. A exterioridade da moral contrapõe-se a necessidade da interioridade de adesão mais íntima”. Volto a questionar de forma veemente o sacrifício em prol da moral. Nessa perspectiva, implica em contrapor desejos e vontades, ainda que corretamente do ponto de vista moral. A relação público, privado, vontade e dever perante um compromisso assumido, não tem sido levado á sério no mundo contemporâneo de forma que a moral assume a ponta do iceberg no escuro do quarto ao lado o interesse privado sempre assume seu papel sombrio ou grita a liberdade em casas e internatos regados a violência, drogas e prostituição. Infelizmente.

By: Hugo Neto. Filósofo.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Fé, eleição e farra.



Fé, eleição e farra.




Ele passeava contente pela rua, tinha amigos, tinha agruras, tinha seus traços,
rosto de moço emancipado, bíblia debaixo do braço, acima de qualquer suspeita,seguia ...
Seu nome era Agosto, batizado pelo pai que agosto de Deus lhe era como sentença. Sua igreja... Pouco lhe importava, tinha um objetivo, nunca duvide de um homem de objetivos, era claro e sincero.
Um protestante á moda, iria candidatar á vereador, prefeito, e quem sabe um dia seria presidente da república. Sempre se gabava com os íntimos: com minha astúcia, popularidade e religião sou o homem perfeito.
O salvador da pátria.
Sua malandragem marota de quem tinha cinco filhos e não tinha como se sustentar. Talvez, não corria atrás. Mas no fundo, ás vezes, nem tão fundo assim dizia: ___ Trabalhar? Eu sei não, talvez eu venha á ser prefeito, tenho á igreja ao meu lado, á malandragem também, sou esperto sou simpático, falo bem.
___ Ora, seu Zé, político esperto joga dos dois lados. Dizia Agosto.
___ Cuidado homem, não brinque com Deus, ele é soberano.
___ Pois, homem, até o Pastor está de acordo comigo. Retrucou.
___ Hoje em dia, se agente não for esperto, não se ganha á vida. Ainda por cima, deixa um ateu ou, qualquer sem Deus, querendo meu lugar, fazendo discurso de Ateu, Deus está comigo, tenho certeza. ­ ___ E digo mais, tenho projeto, é coletivo , não é pessoal.


___ homem, homem, essa cidade é pequena, mas nem todo mundo é burro.
tome cuidado homem.
E assim foi, seu Zé , cansado de avisar o amigo.


NA IGREJA

__Irmãos, levanta o Pastor. __Todos sabem que nós, não nos metemos em política. __Esse meio podre, infame, não nos interessa. __ Porém peço a compreensão de todos vocês. __ E correto deixar o poder de nossa cidade, nas mãos dos mesmos que aí estão?
__E correto, corrermos riscos? __Inclusive, o risco, de ver fechada nossa igreja, devido um decreto qualquer. _ ouvindo tais palavras os fieis se contorciam, e, em meias palavras comuns á uma igreja, se ouvia certa hostilidade da boca de certos fieis: __vamos acabar com o mundo! . __eles não sabem do nosso poder, afinal nós temos Deus. __ Eles não, imundos! Vão queimar no inferno (...)
Agosto á convite do pastor, sobe ao púbico, e de lá, manda um recado: __ Amados irmãos, compartilho de vossa dor, lanço minha candidatura á prefeito dessa cidade, com o apoio de toda á igreja. __ Deus está conosco nessa empreitada e não com os infiéis que roubam dinheiro do povo.


ELEIÇÕES:

A tensão logo aflora. Agosto é todo um furor de tensão, urna á urna, os votos são apurados. O candidato oposto é um fiel também, mas para surpresa de todos, inclusive de Agosto é um fiel da igreja ao lado. Seu Zé. Católico. Reza todos os dias. Vai á igreja também. É muito querido tanto quanto Agosto.
Nas previas, na campanha, seu Zé apoiava Agosto. Entrou nas eleições com o propósito de ser o “laranja”, aquele que iria disputar para não ganhar, dando margem aos planos de Agosto e aos votos também.
Mas faltando poucos dias mudou de idéia. Tudo por conta de um figurão amigo do bispo que botou lenha no fogo, esse apoiava agosto e Zé, mas era o dono do instituto de pesquisa da região, como estava tudo muito empatado resolveu investir nos dois. Zé
Foi ferrenho, menos maroto, sem aquele ar de malandragem. Na verdade um ar caipira. Conquistou o eleitorado.
Bateu de frente com Agosto, ganhou, com pouco mais de 50 votos de frente.
A cidade foi uma festa só, ninguém parava. Zé era o novo prefeito.

ACERTO DE CONTAS
Agosto, numa súbita ira, foi Ter com Zé. __ seu crápula , não entendes o que quer dizer “laranja”.
__ entendo Agosto, mas ... – em tom debochado disse: o pessoal tinha medo do que poderia ser sua administração, ao fim, me procuraram, acabei aceitando.
__ Mesmo assim; você me traiu, merece á morte. E tudo de ruim é muito pouco pra você.
__ Somos cristãos, Agosto, calma! .
__ Cristão o raio que o parta, entrei nessa foi pra ganhar.
__ Então  lembra-se do que me disse, outro dia, Agosto? - lembra-se? - Então, não lembra! Disse-me: "Hoje em dia, se a gente não for esperto, não se ganha á vida.”
__ Se quiseres levar por esse caminho,camarada, fui eu o mais esperto. Nada pessoal.

Autor:
Hugo Neto

quarta-feira, 14 de julho de 2010

ÉTICA KANTIANA.

Kant tornou-se célebre por haver constituído um sistema epistemológico e um ético. Ele estabeleceu que toda e qualquer filosofia, para ter êxito, deve buscar necessariamente a resposta para 4 perguntas fundamentais. Estas são as seguintes: 1) O que posso saber? (que se dirige ao conhecimento) 2) O que posso fazer? (que diz respeito à moral) 3) O que posso esperar? (que refere-se ao finalismo das coisas e infere a possibilidade da religião) 4) O que é o homem? (que abarca as anteriores, por ser a mais importante de todas as questões). Para cada uma destas perguntas, Kant escreveu uma obra como resposta argumentada a estas perguntas. Desse modo temos que a Crítica da Razão Pura foi escrita para responder a pergunta 1. A Crítica da Razão Prática se volta para a pergunta 2 e a Crítica da Faculdade Julgar analisa a pergunta 3. A pergunta 4 foi desenvolvida no livro Antropologia a partir de um ponto de vista pragmático. Em função do tema deste trabalho, a pergunta que nos interessa, nesta perspectiva, é a de número 2. A caracterização sobre o modo correto para uma ação se configura como um desafio, pois, toda ação é sempre acompanhada da liberdade que a condiciona. A preferência pelo termo ‘liberdade’ e não ‘livre-arbítrio’ tem a ver com a tematização filosófica puramente imanente das ações livres, e não com questões teológicas que associam o fazer humano à ideia do destino. O sentido de toda ação livre é individual, embora se cada pessoa fizer apenas o que lhe interessa e atropelar o direito alheio, logo, a convivência ficará insuportável e insustentável. Kant introduz a idéia de uma perspectiva crítica porque queria saber quais argumentos poderiam ser validados naquele ‘novo’ momento histórico da modernidade (ou seja, na época da razão iluminista – séc. XVII e XVIII – onde se acreditava no poder da razão como guia para solução dos problemas humanos). O problema da filosofia crítica de Kant se constitui de vários problemas articulados, embora comporte uma unidade interna consistente. A filosofia de Kant possui uma dimensão teórica e uma prática, ou seja, uma dimensão epistemológica (indagação sobre os limites do saber humano) e uma ética (uma teoria para a ação humana). Ao analisarmos a ética de Kant, constatamos que trata-se de uma teoria sobre a ação humana que pretende estabelecer o que é certo de modo universal e a priori. Chamamos a teoria da ação de Kant de metaética, pois, se a ética, tradicionalmente, já possui um sentido mais teórico do que prático, a metaética kantiana busca fundamentar as razões éticas em um sentido apriorista. Nesta linha de abordagem, a ideia da metaética não trata ‘do que é’ e ‘do por que é’, mas sobretudo se refere ao que Deve Ser. Portanto, esta metaética aprofunda mais ainda a noção de ética. A ideia da ética se caracteriza como instância teórica que estabelece uma legislação para a conduta humana. No entanto, isto não é o bastante para Kant, pois, além de reconhecer a existência da regra universal e a priori, para ser ético o indivíduo deve querer, por vontade própria, agir em conformidade com este universal ético. Kant chama esta atitude do sujeito ético de ação autônoma, pois, ainda que seja uma ação determinada por uma regra, trata-se, na verdade, do exercício de liberdade autônoma (escolha racional e consciente). A autonomia trata de uma escolha do sujeito em reconhecer a razão que sustenta o ato correto. Ao contrário dos medievais, em relação ao campo da filosofia prática, Kant fez com que a ideia do Dever não fosse fundada em Deus, mas na própria Razão. Desse modo, ele estabeleceu a possibilidade do conhecimento a priori teórico no sujeito da ação. Kant enunciou uma máxima que expressa o sentido de sua filosofia: “Duas coisas me deixam maravilhado”, confessou Kant certa vez: “o céu estrelado acima de mim e a lei moral dentro de mim”. Tanto o céu estrelado quanto a lei moral são regidos por princípios a priori. “O céu estrelado” é o universo físico cuja ordenação é definida por leis a priori, tal como a ciência moderna o entende; ‘a lei moral dentro de mim’, significa que a regra universal sobre o que é certo é também a priori em relação às situações particulares da vida individual. Assim, a lei para a moral não estaria “fora”, mas “dentro de mim”, pois, não é externa ou imposta pelas convenções sociais, mas é uma noção que pode ser entendida como reconhecimento racional do que é certo; Esta lei moral, base da ética kantiana, é o fundamento do caráter. A lei moral não é uma Lei Natural com certos e errados objetivos, mas uma lei em função da humanidade à qual escolhemos vincular-nos. (Mas será que estamos realmente vinculados quando só nos vinculamos ou nos comprometemos apenas conosco?). A Moral seria, portanto, apenas uma questão de intenção subjetiva, não teria qualquer conteúdo com exceção da Regra de Ouro à qual deve estar submetida (o chamado “imperativo categórico” de Kant). A Regra de Ouro da ética pode ser formulada do seguinte modo: “Não faças aos outros o que não quiseres que aconteça a ti”. Ao propor um modelo ético, Kant pretendeu submeter a vontade humana à regra de conduta universal. Mas isto não significa que esta submissão da vontade é imposta de modo arbitrário. O próprio sujeito que age corretamente, segundo Kant, identifica a necessidade de agir conforme as regras como modo de orientação. A pergunta ‘o que (e por que) devo fazer?’ assume, na perspectiva kantiana, um modo espontâneo de respeito às regras. As regras delimitam o campo da ação. A ideia da regra ética é garantir o respeito como característica fundamental para as relações humanas. Assim sendo, ao sentir-se propenso a um tipo de ação, o indivíduo deve escolher de acordo com um autêntico reconhecimento da razão certa em relação a uma situação e qual o comportamento adequado para sua própria conduta. O indivíduo não deve agir por medo de se prejudicar ou por querer levar vantagem sobre o próximo. Kant consideraria como alguém imoral quem age em função dos próprios fins, pois, trata-se de um modo de agressão contra o semelhante, e que só serviria para despertar o que há de pior nas relações humanas, que é exatamente a tendência para auto-destruição, combinada à ideia cética de descrença no próximo. A ideia é que não é possível haver desenvolvimento de nenhum aspecto positivo no gênero humano, quando as relações sociais estão contaminadas pela falta de crença no semelhante. Para sermos éticos, portanto, devemos ser, antes de tudo, racionais, pois, o que tem a ver com a ética se relaciona com o entendimento do sentido de uma regra universal como a Regra de Ouro. Não apenas o entendimento teórico, mas a prática desta conduta enunciada na Regra de Ouro. Segundo Kant, para ser ético torna-se imprescindível ser racional em conformidade com uma escolha racional, e ação racional. Isto significa que ser ético envolve ter de assumir conseqüências de um ato. A falta de ética seria usar o fingimento como estratégia para não se comprometer com as conseqüências daquilo que se faz. Isto é totalmente errado e inaceitável na ética kantiana. O motivo principal para o argumento em prol do Dever é a ação responsável (aquela que se compromete com as conseqüências) não apenas em relação a si mesmo, mas sobretudo, a que se responsabiliza com os outros. Lei fundamental da razão pura prática I Age de tal modo que a máxima da tua vontade possa valer sempre ao mesmo tempo como princípio de uma legislação universal. II A autonomia da vontade é o único princípio de todas as leis morais e dos deveres a elas conformes; pelo contrário toda heteronomia do livre arbítrio não só não funda nenhuma obrigação, mas opõe ao princípio da mesma e à moralidade da vontade. Com efeito na independência a respeito de toda a matéria de lei (…) e, ao mesmo tempo, na determinação do livre arbítrio pela simples forma legisladora universal, de que uma máxima deve ser capaz, é que consiste o princípio único da moralidade. Mas essa independência é a liberdade em sentido negativo, e esta legislação própria da razão pura e, como tal, prática é a liberdade em sentido positivo. Por conseguinte, a lei nada mais exprime do que a autonomia da razão pura prática, isto é da liberdade e esta é mesmo a condição formal de todas as máximas, sob a qual unicamente ainda podem harmonizar-se com a lei prática suprema. Bibliografia KANT, Immanuel. Crítica da Razão Prática, 1994 (págs. 42). *André Vinícius Dias Senra é professor de Filosofia da rede estadual de ensino, da The British School – RJ, e da Pós-Graduação em Filosofia Medieval da Faculdade de São Bento do Rio de Janeiro e doutorando em Epistemologia pela UFRJ.

KANT E SEU CRIADO.

Certo dia me perguntaram sobre ética, na verdade sobre o que pensava sobre o assunto, como não sei muito e nem tenho muito a dizer, preferi outorgar autoridade de minha fala ao criado de Kant, em termos modernos um secretário, inculto para compreender seu patrão, mas safo o bastante pra aprender com ele. Certo dia almoçando com Kant travaram uma conversa, Kant lhe dizia – Parto do princípio de que todo homem é racionalmente capaz de fazer o bem, dotado de uma boa vontade, contudo as decisões humanas são sempre desiguais por erros. O criado percebeu a oportunidade, como só ele - se me permite Doutor seu ávido interesse por filosofia deixou-me interessado e me lembrei de Descartes logo no início de seu Discurso sobre o método,quando este observava que os homens embora iguais por bom senso sempre se desentendessem. Há alguma razão nisso, ou estou errado Doutor? Certa razão diria, contudo, me interessou muito a leitura de Rousseau; dediquei grande parte de minha vida lendo esse grande pensador, os homens são bons, as opiniões contrárias geram ações contrárias á condição humana, esse é o problema filosófico. Todavia quero que você fale por hoje, preciso pensar, diga o que acha de tudo isso? -Como sou ignorante Doutor, posso lhe dizer que divergências de pensamentos geram ações contrárias e ações contrárias só podem ser fruto de uma má compreensão do homem dotado de razão e boa vontade, ou uma transgressão á solidez da razão. – Então estás dizendo que há uma legislação universal segundo a qual todo ser humano dotado de razão deve seguir? pois a razão humana é a própria legislação e o dever concomitante com essa razão é a liberdade. – Doutor como seu humilde criado não entendendo. – Não é de meu temperamento explicar as coisas assim, mas vou tentar ser claro: Em minhas leituras e estudos matinais estava pensando numa espécie de razão que fosse prática, ou seja, uma razão do viver, da ação humana e cheguei a conclusão que existe apenas um tipo de liberdade ou autonomia, o dever, calcado na seguinte premissa: “Não faças aos outros o que não quiseres que aconteça a ti”. A grosso modo, seria isso, mas reservo a meus modos uma bela frase de um dia inspirado, deixe-me repeti-la “Duas coisas me deixam maravilhado, confesso, o céu estrelado acima de mim e a lei moral dentro de mim”. Todo homem tem uma lei moral dentro de si, a razão e a plena liberdade humana funcionam em prol dessa máxima, tal máxima expressa o ato de liberdade. – O Criado muito curioso, chega à conclusão que não poderia debater com um gênio embora aprendesse muito, compreendendo assim, arriscou um palpite – podemos dizer alhures - (“Age unicamente de acordo com a máxima que te permita querer a sua transformação em lei universal") é realmente um princípio ético fundamental e universal. Kant extremamente sério levantou-se educadamente com sua bengala e costumeiramente sem sorrir pensou – meu criado andou lendo minhas obras, embora seja muito pouco para tirar conclusões tão sérias e um tanto precipitadas. By: Hugo Neto Silva. Filósofo.