quarta-feira, 14 de julho de 2010

KANT E SEU CRIADO.

Certo dia me perguntaram sobre ética, na verdade sobre o que pensava sobre o assunto, como não sei muito e nem tenho muito a dizer, preferi outorgar autoridade de minha fala ao criado de Kant, em termos modernos um secretário, inculto para compreender seu patrão, mas safo o bastante pra aprender com ele. Certo dia almoçando com Kant travaram uma conversa, Kant lhe dizia – Parto do princípio de que todo homem é racionalmente capaz de fazer o bem, dotado de uma boa vontade, contudo as decisões humanas são sempre desiguais por erros. O criado percebeu a oportunidade, como só ele - se me permite Doutor seu ávido interesse por filosofia deixou-me interessado e me lembrei de Descartes logo no início de seu Discurso sobre o método,quando este observava que os homens embora iguais por bom senso sempre se desentendessem. Há alguma razão nisso, ou estou errado Doutor? Certa razão diria, contudo, me interessou muito a leitura de Rousseau; dediquei grande parte de minha vida lendo esse grande pensador, os homens são bons, as opiniões contrárias geram ações contrárias á condição humana, esse é o problema filosófico. Todavia quero que você fale por hoje, preciso pensar, diga o que acha de tudo isso? -Como sou ignorante Doutor, posso lhe dizer que divergências de pensamentos geram ações contrárias e ações contrárias só podem ser fruto de uma má compreensão do homem dotado de razão e boa vontade, ou uma transgressão á solidez da razão. – Então estás dizendo que há uma legislação universal segundo a qual todo ser humano dotado de razão deve seguir? pois a razão humana é a própria legislação e o dever concomitante com essa razão é a liberdade. – Doutor como seu humilde criado não entendendo. – Não é de meu temperamento explicar as coisas assim, mas vou tentar ser claro: Em minhas leituras e estudos matinais estava pensando numa espécie de razão que fosse prática, ou seja, uma razão do viver, da ação humana e cheguei a conclusão que existe apenas um tipo de liberdade ou autonomia, o dever, calcado na seguinte premissa: “Não faças aos outros o que não quiseres que aconteça a ti”. A grosso modo, seria isso, mas reservo a meus modos uma bela frase de um dia inspirado, deixe-me repeti-la “Duas coisas me deixam maravilhado, confesso, o céu estrelado acima de mim e a lei moral dentro de mim”. Todo homem tem uma lei moral dentro de si, a razão e a plena liberdade humana funcionam em prol dessa máxima, tal máxima expressa o ato de liberdade. – O Criado muito curioso, chega à conclusão que não poderia debater com um gênio embora aprendesse muito, compreendendo assim, arriscou um palpite – podemos dizer alhures - (“Age unicamente de acordo com a máxima que te permita querer a sua transformação em lei universal") é realmente um princípio ético fundamental e universal. Kant extremamente sério levantou-se educadamente com sua bengala e costumeiramente sem sorrir pensou – meu criado andou lendo minhas obras, embora seja muito pouco para tirar conclusões tão sérias e um tanto precipitadas. By: Hugo Neto Silva. Filósofo.

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