segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O Cego.

   Imagine um cego de nascença (...) tente imaginar todas as dificuldades desse sujeito, no processo de adaptação e convivência com o mundo e com os outros. Vejamos por partes: esse indivíduo aprendeu a ver pelo tato, audição, entre outras formas de linguagem, como a fala,
para familiarizar-se; entender e ser entendido por outros em um mundo que não é só seu bairro; sua casa; sua familia, mas no desafio de afirmar-se como ser no mundo. 

  Não raro, depois de fazer essa exposição vamos ao problema, se é que exsiste problema na cegueira a que me refiro. Aos trinta anos de idade o cego não viu nada com seus olhos, embora tenha visto muito sob o aspecto de sua condição humana, adaptou-se, aprendeu a lidar com  dificuldades, foi alfabetizado,estudou  surpreendeu a si mesmo, inteirou-se com o exterior se casou e vive como um homem digno. 

De repente uma nóticia pode mudar sua vida, uma nova tecnologia traz o impossível aos seus olhos; a luz, uma simples cirurgia pode tirá-lo da total escuridão dar-lhe a oportunidade de enxergar aquilo que nunca viu pelo menos sob a ótica do ver através dos olhos. 

    Muita indecisão, mas esse sujeito corajoso, toma uma atitude e resolve ver - Na decisão estupefata diante do novo, faz a cirurgia, logo começa a ver a luz outrora sempre  lhe foi negada por sua condição natural , as luzes da natureza o deixa maravilhado - Lindo! exclama ao céus. O cego não é mais cego e o problema não é mais um problema, mas será que é esse o problema? De repente, em duas esquinas, o vapor das máquinas e  a poluição das industrias junto a rapidez dos carros e a impaciência dos pedestres e motoristas  somado ao ódio na expressão dos rostos cansados,tudo isso lhe tonteia em um frenezi de convulsões e pensamentos; gente suja jogada ao chão, no jornal da esquina a foto estampada da guerra em algum local do planeta, ele já sabia de tudo, era inteirado mas não tinha visto tudo.

     A luz do mundo até então tão sonhada era um incômodo sombrio e só fazia trazer mais dor, agora sente muito por tudo, lutou a vida inteira para entender o mundo em seu modo de ver, num piscar de olhos literalmente; pode olhar para sua própria desgraça, ou melhor, a desgraça da humanidade na qual sempre fez parte. Relfetindo sobre sua atual condição lembra da última frase do médico quando retirou as ataduras e o curativo de seus olhos - "Agora tu és nornal para viver plenamente ". O cego muito triste vaza os olhos e volta a sua antiga condição, volta a ser cego. Nesse caso específicamente a cegueira não é o problema o problema é o ato de ver como os outros. 


Hugo Neto. By: Filósofo.





4 comentários:

  1. Essa cegueira é hipotética( uma forma literária pra chamar atenção para o problema que envolve o texto) O ATO DE VER ... do ponto de vista filosófico seria observar detalhes ir a fundo nos problemas cotidianos. São duas realidades, o cego se acostuma a ver o mundo como cego e se contenta com isso. Mas quando deixa de ser cego começa a ver de verdade, daí sua atitude é natural assustar com o que vê e tentar voltar a antiga condição. No texto ele voltou a essa antiga condição, mas a questão é: as duas formas de ver podem conviver? Voltar a antiga condição resolve o problema?

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  2. Nesse caso o problema não é a cegueira, mas cego é esteriotipar ou seja olhar o outro como se fosse apenas o teu umbigo, ou nem mesmo olhar o outro por puro egoísmo. O final trágico é apenas um adendo.

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