terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Resenha: Discurso do Método; René Descartes.

O que é o método cartesiano? Qual sua função e objetivo? No tocante as respostas e perguntas, trabalharemos alguns conceitos da obra, principalmente no que diz respeito ao logro alcançado por um método, um cânone nos meios de pesquisa, dentre diversas fontes talvez essa obra dividida em seis partes tenha mudado os rumos da pesquisa científica no ocidente. No primeiro parágrafo do discurso do método Descartes destaca a problemática do uso incorreto da razão, ao considerar de forma audaz todos os homens racionais. Haveria de incorrer no erro as opiniões diversas, a diversidade de opiniões só poderia ser segundo o filósofo um sintoma de mau uso da razão. Como escreve Descartes: “Inexiste no mundo coisa mais bem distribuída do que o bom senso,visto que cada indivíduo acredita ser tão bem provido dele que mesmo os mais difíceis de satisfazer em qualquer outro aspecto não costumam desejar possuí-lo mais do que já possuem”[1] Portanto o método cartesiano nasce de uma indagação sobre o erro, por isso entre outras coisas o filósofo busca a certeza matemática como fonte inspiradora para instauração de um método que pudesse lhe guiar em suas pesquisas. Outrora o erro que cometeu toda a tradição em acreditar demasiadamente na lógica Aristotélica e erigir uma ciência sob suas bases, Descartes evita cometer e erige um método afim de com muita cautela não derribar os edifícios antigos sem antes ter certezas sólidas. Neste ponto o método poderia ser posto em cheque se não trouxesse certeza alguma, por isso não se trata de uma apologia, mas de um discurso. Descartes erige o próprio discurso como dúvida, nasce daí a dúvida metódica: “ conforme já foi dito acima;porém por desejar então dedicar-me apenas a pesquisa da verdade, achei que deveria agir exatamente ao contrário, e rejeitar como falso tudo aquilo que pudesse supor a menor dúvida.”[2] Ao colocar em cheque toda tradição e recorrer a um método criado para bem pensar, ao contrário dos filósofos escolásticos Descartes não universaliza o conhecimento adquirido até o momento, pelo contrário acaba demolindo todas as verdades universais levando a dúvida até o último grau, se aproximando dos céticos, mas para discordar dos céticos, uma vez que o objetivo do método é claro desde o começo do discurso encontrar a verdade. Como afirma Sergio P. Duarte “a atitude filosófica de descartes é a de usar a dúvida como um método para buscar certezas na subjetividade”[3] Nessa via a função do método é exatamente buscar tais certezas, o que compreende um cuidado maior pois a partir da subjetividade se faz filosofia e instaura-se uma nova imagem de homem, o homem moderno. “Sujeito moderno” sujeito de conhecimento, para Descartes o homem é racionalidade é “cogito” ao colocar até mesmo a própria existência em dúvida a única certeza que se pode tirar e que pensa, pois a faculdade de colocar sua própria existência em dúvida continua operante. E, enfim, considerando que quaisquer pensamentos que nos ocorrem quando estamos acordados nos podem também ocorrer enquanto dormimos, sem que exista nenhum, nesse caso, que seja correto, decidi fazer de conta que todas as coisas que até então haviam entrando no meu espírito não eram mais corretas quanto as ilusões dos meus sonhos. Porém, logo em seguida, percebi que ao mesmo tempo que eu queria pensar que tudo era falso fazia-se necessário pensar que eu, que pensava, fosse alguma coisa. E, ao notar essa verdade: eu penso, logo existo, era tão sólida era tão sólida e tão correta que as mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes de lhe causar abalo julguei que poderia considerá-la sem escrúpulo algum o primeiro princípio da filosofia que eu procurava. [4] Descartes, afirma o sujeito no mundo de forma subjetiva, primeiro é preciso averiguar a verdade do sujeito, a partir do sujeito é possível afirmar o mundo, mas o processo de afirmação da extensão ou corpo (res-extense) é um tanto mais complexo uma vez que persegue os ideais mecanicistas e o modelo matemático geométrico, por isso a realidade corporal e mundana não tem sentido sem o sujeito que a interpreta e a dá sentido, o sujeito cartesiano. “Compreendi então que eu era uma substância cuja essência ou natureza consiste apenas no pensar e que não necessita de lugar algum nem depende de qualquer coisa material” [5] O princípio propulsor do método é clareza e evidência, Descartes elucida muito sobre a clareza, evidência e distinção dentre todas as regras do método, regras nas quais ainda não nos atemos essas três norteiam todos os juízos possíveis. Concluindo o objetivo do método é ordenar os pensamentos em prol de erigir juízos verdadeiros, num contexto cuja verdade da metafísica clássica ressoa abalo, Descartes instaura um método para alcançar a sabedoria possível afim de engendrar um conhecimento seguro e indubitável. Dentre os termos que não destacamos como a moral provisória e as quatro regras do método; achamos melhor não delongar nesses preceitos e distinguir o método sua função e objetivo.
REFERÊNCIAS [1] Discurso do método. P.35. Os pensadores, Nova cultural; São Paulo. 200 [2] Discurso do método. P.61. Os pensadores, Nova cultural; São Paulo. 200 [3] Descartes: da ciência á sabedoria. DUARTE. S.Pedro. P.37. Mestrado em Filosofia PUC- São Paulo 2005 [4]Discurso do método. P.60. Os pensadores, Nova cultural; São Paulo. 2000 [5] Discurso do método. P.62. Os pensadores, Nova cultural; São Paulo. 2000
Autor: Silva, Neto,Hugo.

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